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Entrevista | Advogada e professora, candidata Caren Machado se apresenta como voz firme em defesa das mulheres

Por: Marcos Schettini
30/08/2022 14:50
Reprodução

Advogada, professora e militante pelos direitos das mulheres, Caren Machado já serviu ao Exército como sargento e agora disputa uma cadeira da Assembleia Legislativa pelo PSB. Apontando os temas mais urgentes a serem debatidos em Santa Catarina, a candidata a deputada estadual afirma que há muito espaço para ser ocupado por mulheres e, assim, novos horizontes de possibilidades podem ser escancarados para que diminua-se a desigualdade que assola o cotidiano feminino.

Em entrevista exclusiva concedida ao jornalista Marcos Schettini, Caren Machado falou dos ensinamentos adquiridos nas Forças Armadas, contou como compreendeu sua desenvoltura para lecionar e descreveu o que pretende fazer na Alesc caso seja eleita em outubro.

Ainda, comentou sobre Lei Maria da Penha, falou sobre a flexibilização para adquirir armamento e apontou quais são os entraves que hoje mais dificultam a vida dos catarinenses. Confira:


Marcos Schettini: A Lei Maria da Penha não é uma farsa? A violência contra as mulheres só cresce...

Caren Machado: A Lei Maria da Penha é um importante instrumento na defesa e proteção das mulheres, e foi um marco institucional importantíssimo, no desafio que é a busca pela superação da violência doméstica. Por meio desta norma, hoje as mulheres possuem garantias legais e acolhimento que, antes da aprovação da lei, não tinham. A legislação traz medidas efetivas de prevenção de violência e também de inibição de condutas violentas como, por exemplo, a obrigatoriedade do agressor de manter-se afastado da vítima e a apreensão de armamento.

O crescimento da violência não está ligado à existência da lei, mas sim à falta de investimento em educação sobre o tema violência contra a mulher, bem como a ausência de outras políticas públicas. Ou seja, a Lei Maria da Penha consiste em um grande avanço no combate à violência doméstica, porém, não suporta, sozinha, o encargo de extingui-la.


Schettini: Por que as leis são tão frágeis?

Caren: As leis não são frágeis. Frágil é a consciência de parte da população brasileira, que não entende o significado de um Estado Democrático de Direito e, assim, não respeita a legislação. A fome, a miséria, a corrupção e a desigualdade social também são fatores que fomentam a violência. Por isso, a importância de políticas públicas que incentivem a educação e o desenvolvimento econômico. Nosso problema é estrutural. Criar mais leis ou majorar a punibilidade não soluciona o problema da violência. Precisamos de maior efetividade no sistema judiciário já existente.

Schettini: O que precisa mudar para que as mulheres possam ter a sua liberdade e proteção preservada?

Caren: Precisamos ter mais mulheres em todos os setores da sociedade. Necessitamos ter mais mulheres eleitas, mais mulheres nos cargos de decisão e poder. Somos mais de 50% da população e mais de 52% do eleitorado, isso significa que estamos em todos os lugares da sociedade, entretanto, não estamos ocupando os cargos de poder. O que precisamos mudar, é ter mais representatividade das mulheres nos cargos políticos, para que, assim, possamos legislar em favor das mulheres, promovendo políticas públicas para a proteção da mulher. Nós, mulheres, queremos o exercício pleno da cidadania, queremos representatividade, precisamos ter vez e voz na vida pública.


Schettini: A senhora é advogada e foi sargento do Exército. O que aprendeu nas Forças Armadas?

Caren: Minha experiência no Exército foi muito importante para desenvolver a minha capacidade de liderar, trabalhar em equipe, comandar, ser estrategista, ter disciplina, respeitar a legislação e a hierarquia. Consegui superar meus limites físicos e mentais, tive toda a parte do treinamento militar, aprendi a manusear armamento, recebi orientações de sobrevivência, bem como toda a parte teórica e metodológica. Essa experiência no Exército me capacitou para diversas atividades da vida cotidiana como, por exemplo, desenvolver criatividade, buscar soluções aos problemas, trabalhar sob pressão, pensar estratégias, trabalhar em equipe, cooperar. É uma constante superação de limites. Foi no Exército que me descobri como professora, pois, durante meu serviço militar, eu cursava a faculdade de Direito e comecei a ministrar as instruções de Direito Penal para os novos soldados e, assim, eu entendi minha vocação para lecionar. Por fim, a experiência como sargento do Exército foi muito importante para eu me tornar a pessoa e profissional que sou hoje.


Schettini: Armar a população é loucura ou proteção?

Caren: Muitas pessoas acreditam que armar a população é sinônimo de maior proteção. Ocorre que isso não é verdade. O argumento mais utilizado por aqueles que apoiam o armamento da população, é a legítima defesa, ou seja, afirmam que é direito do cidadão ter uma arma para poder se defender de possíveis agressões. Entretanto, possuir ou portar uma arma não é garantia de proteção. Um exemplo disso são as altíssimas taxas de morte de policiais que temos em nosso país. Se os profissionais da segurança pública, que são capacitados e utilizam armamento como ferramenta diária de trabalho, não estão protegidos pelas armas, também não estará protegida a população, caindo assim, por terra, o argumento pró-liberação. Políticas de liberação de armas de fogo não são efetivas na resolução dos problemas de segurança pública, ao contrário, podem potencializá-los.

Schettini: Se é uma verdade a afirmação de que todos armados garantem a segurança, por que existir policiamento?

Caren: Vivemos em um Estado Democrático de Direito, e, portanto, é dever do Estado promover a segurança da população. Quando o governo incumbe ao cidadão a sua própria proteção, está se eximindo do seu dever de zelar pela segurança do povo. É o Estado que tem prerrogativa para fazer uso da força. Vivemos em coletividade e é justamente por isso que existem as forças policiais, a segurança pública e as políticas de segurança pública. Portanto, incentivar o armamento da população, priorizando a proteção individual, ao invés da coletiva, reduz a responsabilidade do Estado de prover a segurança da população.


Schettini: Por que a senhora quer ser deputada estadual?

Caren: Iniciei minha jornada na política partidária faz pouco tempo, no ano de 2020, quando me candidatei a vereadora em Chapecó. Porém, como advogada, mestre em direitos fundamentais, professora, profissional da saúde, autora de um livro em defesa dos direitos das pessoas transplantadas e sargento da reserva do Exército brasileiro, minha história de vida é de participação direta e efetiva na luta em defesa da mulher, da saúde, da educação, dos idosos, dos LDBTQIA , do trabalhador e do desenvolvimento econômico. Quero ser deputada estadual para contribuir, ainda mais, com toda a população catarinense, trazendo dignidade e Justiça para Santa Catarina. Além disso, quero trazer mais representatividade para as mulheres em nosso Estado, e a melhor forma de efetivar a proteção das mulheres, é ter mulheres legislando. Ademais, ainda existe uma sub-representação das mulheres na política e isso reflete na hora de legislar e executar as políticas públicas voltadas às mulheres e suas demandas. Minha missão, durante toda a minha vida profissional, tem sido de luta em prol dos direitos dos mais vulneráveis e como deputada estadual quero me colocar como um instrumento ainda mais forte, de proteção e defesa da população catarinense.

Schettini: Santa Catarina é bom exemplo em quais áreas e peca em quais outras?

Caren: Santa Catarina tem um enorme potencial econômico, por tem regiões bastante distintas em clima, relevos, paisagens e culturas, o desenvolvimento de inúmeras atividades é estimulado e atrai os olhares de todo o país. Porém, temos muito o que melhorar, principalmente no campo da infraestrutura como, por exemplo, a necessidade urgente da duplicação da BR-470, nas regiões do Planalto e do Oeste, bem como a necessidade de investimento na mobilidade urbana nas cidades com maior índice de crescimento populacional do Estado. Precisamos investir no desenvolvimento econômico, incentivando a potencialização de tecnologia, para contribuir com a produtividade da indústria, agropecuária, turismo e muitos outros setores importantes da economia catarinense. Também precisamos priorizar a educação, assegurar uma educação inclusiva, equitativa e de qualidade para todos. Garantir o acesso a saúde de qualidade e promover o bem estar de toda a população catarinense. Valorizar, dar voz, vez e representatividade para as mulheres. Queremos uma Santa Catarina que seja exemplo em educação, saúde, empreendedorismo, empregabilidade, sustentabilidade, liberdade e igualdade social.


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